segunda-feira, 28 de julho de 2008

19 ANOS DE MORTE DE RAUL...




Canto para Minha Morte

Composição: Raul Seixas e Paulo Coelho


Eu sei que determinada rua que eu já passei / Não tornará a ouvir o som dos meus passos. / Tem uma revista que eu guardo há muitos anos / E que nunca mais eu vou abrir. / Cada vez que eu me despeço de uma pessoa / Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez / A morte, surda, caminha ao meu lado / E eu não sei em que esquina ela vai me beijar / Com que rosto ela virá? / Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? / Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque? / Na música que eu deixei para compor amanhã? / Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? / Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada, / E que está em algum lugar me esperando / Embora eu ainda não a conheça? / Vou te encontrar vestida de cetim, / Pois em qualquer lugar esperas só por mim / E no teu beijo provar o gosto estranho / Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar / Vem, mas demore a chegar.Eu te detesto e amo morte, morte, morte / Que talvez seja o segredo desta vida / Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida / Qual será a forma da minha morte? / Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida. / Existem tantas... / Um acidente de carro. / O coração que se recusa abater no próximo minuto, / A anestesia mal aplicada, / A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida / O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe, / Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio.../ Oh morte, tu que és tão forte, / Que matas o gato, o rato e o homem. / Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar / Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva / E que a erva alimente outro homem como eu / Porque eu continuarei neste homem, / Nos meus filhos, na palavra rude / Que eu disse para alguém que não gostava / E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite... / Vou te encontrar vestida de cetim, / Pois em qualquer lugar esperas só por mim / E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar / Vem, mas demore a chegar. / Eu te detesto e amo morte, morte, morte / Que talvez seja o segredo desta vida / Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

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